Por Daiane Barbosa
Abaeté, com sua simplicidade e tradição acolhedora, é o ponto de partida para muitas histórias que ganharam o mundo. Nesta página, trazemos relatos inspiradores de abaeteenses que, movidos por sonhos e desafios, partiram para outros países em busca de novas oportunidades. Seja no esporte, na cultura, nos estudos ou no trabalho, são trajetórias de coragem que mostram como nossas raízes podem florescer em qualquer lugar. Esses conterrâneos carregam Abaeté no coração, mesmo há milhares de quilômetros de distância e nos inspiram a acreditar em nossos sonhos. E se você conhece alguém ou mora fora e quer contar sua história, manda para o Nosso Jornal. TV.
“Sou de Abaeté e minha trajetória me levou a experiências internacionais transformadoras. Durante a faculdade de Administração em Divinópolis, uma amiga, Rivana, sugeriu que estudássemos inglês no Canadá. Em 2013, faltando um semestre para me formar, aceitei o desafio e me mudei para Vancouver, onde estudei na Pacific Language Institute (PLI). Nos três primeiros meses, morei com um casal canadense, com quem jantava todas as noites, trocando histórias sobre nossas culturas. Depois, comecei a trabalhar na pizzaria canadense e num restaurante brasileiro. Vancouver, com sua multiculturalidade, me proporcionou convivência com pessoas de todo o mundo, sendo uma das melhores experiências da minha vida. Após 1 ano e 3 meses, voltei ao Brasil para concluir a faculdade.
Depois de formada, me mudei para Belo Horizonte, onde trabalhei em seguradoras e um pouco antes da pandemia, voltei para Abaeté, mas em 2023 surgiu uma nova oportunidade: duas amigas que haviam se mudado para os Estados Unidos me incentivaram a fazer o mesmo. Em abril de 2023, fui para Manchester, New Hampshire, uma cidade americana típica, com poucos brasileiros e sem mercados ou restaurantes brasileiros. No início, trabalhei com limpeza ao lado de outras brasileiras. Após 1 ano, abri minha própria empresa e hoje sou autônoma.
A adaptação à cultura e à língua é um aprendizado constante, e a saudade da família e de Abaeté sempre aperta, especialmente em datas comemorativas. Mas cada etapa da minha jornada, tanto no Canadá quanto nos Estados Unidos, tem sido marcada por crescimento pessoal e profissional, com muitas lições e conquistas. ”
Renata Grasielle Pereira de Paula, da cidade de Manchester, no estado de New Hampshire, Estados Unidos.
“Meu nome é Rhayana, sou nascida e criada em Abaeté. Desde pequena, sempre fui curiosa sobre o mundo, embora acreditasse que explorar outras culturas fosse algo distante da minha realidade. Em 2017, aos 26 anos, após me formar em Engenharia Civil, surgiu a oportunidade de fazer um intercâmbio na Irlanda, e decidi embarcar nessa experiência para aprimorar meu inglês e conhecer novos lugares. A ideia inicial era ficar apenas 8 meses e depois retornar ao Brasil, mas minha vida tomou um rumo inesperado.
Durante o intercâmbio, conheci meu atual esposo, que é alemão. Nos casamos este ano e, atualmente, moro na Alemanha, onde tenho a alegria de trabalhar na minha área de formação como engenheira civil. Foi um desafio enorme adaptar-me a novas culturas e idiomas, já conheci cerca de 30 países, cada passo nessa jornada me trouxe aprendizado e crescimento.
Sinto muito orgulho do caminho que percorri e de ter conquistado meu espaço em outro país. Essa experiência me ensinou que, com esforço e dedicação, somos capazes de realizar nossos sonhos, por mais distantes que pareçam.
Apesar de ter traçado um novo rumo para minha vida, Abaeté sempre será parte essencial de quem eu sou. Cada vez que volto à minha terra natal, sou tomada por uma mistura de alegria e melancolia, mas acima de tudo, um enorme orgulho por minhas raízes e pela cidade onde cresci.”
Rhayana Nicoli, de Mannheim, da Alemanha.
“Sou Juliana Ferreira, nascida e criada em Abaeté. Vivi minha infância na região do Potreiro com meus avós. Estudei na Escola Rural José Pereira dos Reis e, aos 12 anos, me mudei para a cidade de Abaeté, onde continuei os estudos na Escola Irmã Maria de Lourdes e depois na Estadual.
Comecei a trabalhar ainda aos 12 anos como professora particular e monitora em uma escola de informática. Influenciada pela Glória Maria e fascinada pelo Globo Repórter, sonhava em conhecer o mundo. Esse desejo me levou a sair de Abaeté aos 17 anos, sem planejamento, sem dinheiro, mas com um sonho na mochila. Minha família nunca apoiou minha decisão, mas segui firme no meu propósito.
Morei em Brasília por dois anos, mas foi em Belo Horizonte que encontrei as maiores oportunidades da minha vida. Fiz amigos, parcerias profissionais e cursei jornalismo, o que abriu caminhos para minhas aventuras. Planejava juntar dinheiro para tirar dois anos sabáticos, mas a pandemia antecipou meus planos. Percebi que a vida é curta demais para esperar pelo momento perfeito.
Vendi tudo o que tinha e comecei a jornada. Passei por 18 países em poucos anos. Morei ilegalmente nos Estados Unidos, onde trabalhei pintando casas em Nova Iorque. Em seguida, fui para o Canadá estudar inglês, depois para Portugal, onde trabalhei como garçonete por longas jornadas. Apesar da experiência, percebi que aquele não era o estilo de vida que eu buscava.
De Portugal, me mudei para Dublin, onde fiquei perto da minha irmã. A adaptação foi difícil, especialmente por conta do sotaque irlandês e da falta de moradia adequada, mas continuei aprendendo e explorando. O que mais gosto em morar fora é conhecer pessoas, culturas, crenças, comidas e costumes diferentes. Essa vivência me transformou.
Hoje, aos 36 anos, já visitei 24 países e continuo aprendendo a cada passo. Meu maior conselho para quem quer seguir esse caminho é se planejar. Por mais que eu tenha me preparado financeiramente e emocionalmente, os desafios foram grandes. E, como imigrantes, precisamos entender que somos os “estranhos” nos lugares onde chegamos.
Apesar da distância, com a tecnologia consigo manter contato diário com minha mãe, amigos e familiares. O mais difícil é falar com minha avó, que mora na zona rural e não tem internet, mas a ligação a cada 15 dias pelo Skype ameniza um pouco a saudade. O que a tecnologia não substitui é o sabor da galinha caipira com quiabo da minha tia Aparecida. Essa, sim, dói de saudade.
Aproveito para mandar um abraço apertado e um beijo carinhoso para todos os meus amigos e familiares, especialmente para minha mãe, minha vovó, minha tia Aparecida, meus primos Lucas e Júnior, minha cunhada Diana e meu afilhadinho Arthur. Obrigada por serem a minha base e a razão de tanto orgulho pelas minhas raízes. ”.
Juliana Ferreira, da Irlanda.