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Descobrindo o prazer de viver no interior do interior

Às cinco horas da manhã, antes mesmo do sol nascer, Giselda Gabriel (Mirinha) já está de pé. Do alpendre de sua casa, no Chacreamento Águas Claras, ela observa o espetáculo diário da natureza: bandos de garças, araras-azuis e o céu que vai mudando de cor aos poucos.

O silêncio só é interrompido pelo canto dos pássaros e pelo cheiro das frutas maduras no pomar que ela e o marido plantaram.

“Ter esse contato diário com a natureza é enxergar Deus o tempo todo”, diz a diretora nacional emérita da Mary Kay, escritora e palestrante, que trocou a cidade por um refúgio onde pudesse trabalhar e viver com mais qualidade.


O que Giselda vive hoje pode ser visto como uma tendência silenciosa, mas crescente, que vem tomando forma no município.

Com cerca de 15 chacreamentos já implantados ou em fase de implantação, Abaeté vem atraindo cada vez mais pessoas que buscam um estilo de vida mais tranquilo, numa combinação perfeita entre sossego e infraestrutura, trocando o perímetro urbano para viver no interior do interior .


Giselda conta que essa decisão foi amadurecida ao longo de anos. “Compramos essa chácara há oito anos, mas no início não pensei em morar aqui. Com o tempo, fui percebendo que esse sempre foi meu sonho. A cidade me deu muitas oportunidades profissionais, mas era aqui que meu coração encontrava paz”, compara


Hoje, sua nova casa não é apenas um lar, mas também um espaço de criação e trabalho. “Aqui será meu escritório, meu estúdio para gravação, meu refúgio criativo. Quero qualidade de vida sem abrir mão do conforto”, afirma.

Algumas pessoas questionam sua escolha de construir um sobradinho amplo e confortável no campo, mas ela responde com naturalidade: “Por que não? O conforto deve estar onde estamos.”


Além da beleza natural e do sossego, Giselda vê essa mudança como um caminho de fé e gratidão. “Acredito que, quando buscamos Deus de verdade, Ele nos dá muito mais do que pedimos. Tudo aqui superou meus sonhos. Cada detalhe, cada árvore, cada amanhecer… É muito mais do que eu esperava.”

Criada na roça, em Tabocas, a costureira Adelma Costa sempre quis voltar às suas raízes. O sonho foi realizado este ano, quando ela e o marido, João Batista, mudaram-se para o Chacreamento Vista Alegre, depois de 40 anos morando na cidade.

A propriedade do casal já conta com uma horta farta, pomar e muitas flores. Em breve, terá galinhas para garantir ovos frescos e frango caipira.

“É uma vida simples, mas muito gratificante”, afirma Adelma, que adora receber amigos e familiares em casa. Para ela, a maior vantagem está na tranquilidade. “Acordo com o canto dos pássaros, durmo ouvindo os grilos… É como voltar à infância.”


E a proximidade com a cidade faz toda a diferença. “São apenas dez quilômetros de Abaeté, tudo asfaltado. Fácil de ir e vir”, explica. Ela acredita que uma das razões que tornam os chacreamentos cada vez mais atrativos é a possibilidade de viver no campo sem abrir mão da infraestrutura urbana.

Essa flexibilidade foi um dos fatores que encantou Vanda Maria dos Santos, assistente social e moradora do Chacreamento Quintas II. Tendo vivido em grandes centros como São Paulo e Belo Horizonte antes de se estabelecer em Abaeté, sua mudança para o interior despertou curiosidade entre amigos e colegas de trabalho. “Muitos me perguntam por que escolhi viver na roça depois de tantos anos na cidade grande. Mas a resposta é simples: qualidade de vida”, afirma.

Mesmo trabalhando no CRAS de Abaeté e fazendo o trajeto todos os dias pela LMG 762, Vanda não se arrepende da escolha. “Longe do trânsito caótico, da poluição e das longas filas, encontro no campo a tranquilidade que sempre busquei.”

Ela alerta que a vida rural tem os seus desafios. “Não se pode romantizar que o dia a dia na roça é só a comida gostosa feita na fornalha, aquela prosa boa na varanda com os vizinhos ou o acordar ouvindo o cantar dos pássaros, pois as dificuldades ainda são muitas: estradas de terra com infraestruturas ruins, que em épocas de chuvas atolam veículos e em tempos de secas suspendem poeiras, ou ainda o acesso às escolas e a serviços de saúde que, em tempos de chuvas, causam transtornos. É preciso estar preparado para essa realidade.”

Para Vanda, a tecnologia tem ajudado a reduzir a sensação de isolamento. “A internet possibilita conciliar a vida no campo com o mundo moderno. Hoje podemos trabalhar, estudar e nos conectar de qualquer lugar.”

Assim, o crescimento dos chacreamentos em Abaeté já começa a transformar a região, num movimento também impulsionado pelos próprios moradores. “Trouxe muitas amigas para conhecer a região e algumas já compraram seus terrenos, outras estão de olho” , revela Adelma.

“Acho maravilhoso que mais pessoas escolham viver perto da natureza. Os projetos são bem estruturados, e a qualidade de vida aqui é indescritível”, propaga Giselda

E Vanda, acompanhando os desafios que ainda existem, ressalta que “a mudança para o campo precisa ser pensada. Mas para quem busca paz e um ritmo mais tranquilo, esse interior do interior pode ser a melhor escolha.”

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