A Polícia Militar de Minas Gerais vive um momento histórico. A major Marianna Atatília Alves Costa, 39 anos, natural de Bom Despacho e mãe da Laura, de 10 anos, assumiu, neste mês de março, o comando do 7º Batalhão da PMMG. Primeira mulher a ocupar essa posição, a oficial tem ligação forte com a região de Abaeté, onde comandou a 141ª Companhia da PM.

Em entrevista à repórter Gabi Silva, do Nosso Jornal, Major Marianna fala sobre sua trajetória, os desafios da profissão e os planos para a segurança na região.
Como a senhora se sente como a primeira mulher a assumir o comando do 7º BPM?
Sinto-me agradecida pela oportunidade, extremamente honrada por assumir uma função de tamanha responsabilidade. O que mais procuro me orgulhar é pela trajetória de crescimento e amadurecimento que tive que percorrer para ter a oportunidade que estou tendo hoje. O fato de ser a primeira mulher no comando é simbólico, mas estou certa de que o que me trouxe até aqui foram os excelentes resultados alcançados com a equipe para a segurança pública na área onde eu trabalhei desde 2012 quando aqui cheguei.

Como foi sua trajetória até aqui?
Ingressei na PMMG em 2004, no Curso de Formação de Oficiais. Como aspirante, fui classificada em Ibirité (48º BPM) onde trabalhei até 2012 já como 1º Tenente. Ainda como 1º Tenente, assumi a 141º Cia do 7º BPM no início de 2012, companhia essa sediada em Abaeté e que, à época, possuía 11 municípios sob sua responsabilidade. Entre 2015 e 2017, estive à frente do Pelotão de Martinho Campos, retornando ao Comando da 141ª Cia no início de 2018, já como Capitão.

Permaneci em Abaeté até início de 2021, quando fui transferida para a sede do 7º BPM em Bom Despacho para chefiar a seção de planejamento operacional. Ao ser promovida a major, assumi o subcomando do 7º BPM e, neste mês de março, assumi o comando da Unidade após a transferência para a reserva do então Cel Luciano Antônio dos Santos.

Quais foram os maiores desafios da sua carreira?
Um dos maiores desafios da minha carreira foi enfrentar os crimes conhecidos como “novo cangaço”, que afetaram duramente nossa região entre 2013 e 2017. Enfrentamos quadrilhas altamente organizadas e bem armadas, e, infelizmente, tivemos perdas irreparáveis, como a morte de dois colegas de farda em Pompéu. São situações que requerem força, resiliência e trabalho conjunto para superarmos.

Quais são suas prioridades à frente do 7º BPM?
Manter a redução da criminalidade é prioridade, assim como fortalecer a presença da Polícia Militar junto à comunidade. Também quero melhorar continuamente as condições de trabalho dos nossos policiais, pois isso reflete diretamente no serviço que prestamos à população.
Como fortalecer a relação entre PM e comunidade?
A PMMG já possui diversos programas de policiamento comunitário. Meu objetivo é ampliar e valorizar essas ações, reforçando a atuação direta do policial no dia a dia da comunidade, com escuta ativa e presença constante.
O que é considerado mais eficaz no combate à criminalidade?
A integração entre os órgãos de segurança e justiça – Polícia Civil, Polícia Penal, Ministério Público e Judiciário – aliada à participação da comunidade. A atuação conjunta é o caminho mais eficaz para enfrentar a criminalidade de forma estruturada e permanente.

Como vê o papel das mulheres na segurança pública e na PM de Minas Gerais atualmente? O que diria para jovens mulheres que desejam seguir carreira na Polícia Militar?
As mulheres têm espaço conquistado e reconhecimento nas funções de liderança. A PMMG garante igualdade de oportunidades, e a presença feminina nas chefias mostra que competência não tem gênero. É uma carreira que exige comprometimento e dedicação, mas que traz realização para quem tem vocação. Às jovens interessadas, digo: é possível, sim. Com esforço e seriedade, os caminhos se abrem.

Gostaria de deixar mais alguma mensagem aos nossos leitores?
Minha mensagem é de agradecimento a todos os leitores do Nosso Jornal, por fazerem parte também da minha trajetória, uma vez que a comunidade de bem é o cliente final da Polícia Militar.
Uma última mensagem seria de manifestar a importância e responsabilidade de cada um de nós sobre a sociedade que queremos construir para a nossa região, não só no aspecto da segurança pública, mas em todas as áreas que abrangem as situações da vida humana que são capazes de garantir bem-estar social para nós e nossas famílias. Devemos ser criteriosos e conscientes sobre nossas escolhas e sermos resilientes quando algo, num primeiro momento, parece não estar bem. Ademais, coloco o 7º BPM e todo o seu corpo de tropa à disposição da sociedade de bem!