Ela diz que não teve infância. Não no sentido de ter tempo para brincar e oportunidade para frequentar a escola. Sua vida foi só trabalhar. E é exatamente o trabalho que dá sentido à sua vida. Mais que isso, que lhe dá disposição, energia, vitalidade, saúde.
Prestes a completar 88 anos de idade, Dona Bernardina Ferreira de Jesus, ou Dona Bernarda, não consegue ficar quieta. Ela acorda cedo e cuida sozinha dos serviços de sua casa, na Rua Antônio Machado de Andrade, inclusive com uma faxina geral de 15 em 15 dias. Faz a própria comida, sempre rica em legumes, verduras e misturas nutritivas. Capina o quintal, cuida de muitas plantas e até faz serviço de pedreiro, quando necessário.
É também costureira, e das boas. Com muito capricho, faz colchas de retalhes, roupas de cama, tapetes. Na Festa de Nossa Senhora do Rosário, com apoio de familiares, fornece marmitas aos barraqueiros e aluga o banheiro para os congadeiros de outras cidades tomarem banho.
Sempre atenta aos cuidados com a saúde, Dona Bernarda também encontra tempo para as caminhadas diárias. Muito comunicativa e religiosa, ama viajar, participar de romarias e fala com orgulho dos seis filhos, José Bonifácio, Maria Íris, Evandir, Aparecida, José Eurípedes e Maria Ivis, dos netos e bisnetos. O marido, Juvenal (Crioulo), seu primo primeiro, faleceu no ano 2000.
Com um brilho nos olhos verde azulados e um sorriso de satisfação iluminando todo o rosto, ela diz de si mesma: “Sou uma pessoa muito feliz com minha idade, com meu jeito, porque vivo trabalhando e eu gosto de trabalhar. Sem serviço, não sou nada. Durante muitos anos, trabalhei como costureira, lavadeira, passadeira, faxineira. Depois aposentei e passei a costurar retalhos, faço tapetes, colchas, cobertas. Nem vejo o ano passar, porque tenho serviço o ano inteiro”.
Através de D. Bernarda, o Nosso Jornal homenageia todas as trabalhadoras e os trabalhadores no Dia do Trabalho.
