Expansão horizontal e vertical em Abaeté: A transformação da Cidade Menina

Por  Christiane Ribeiro

Se um abaeteense retornasse à sua terra natal após uma ausência de 10 a 15 anos, ele poderia até pensar que tivesse errado a rota e parado em outra cidade. Apesar de a população de Abaeté ter se mantido praticamente estável, com 22.675 habitantes, segundo o Censo de 2022, a Cidade Menina experimenta uma transformação rápida e surpreendente em sua paisagem urbana.

É um crescimento que começou horizontalmente, motivado pelo programa habitacional “Minha Casa, minha vida”. O primeiro salto foi com o lançamento do Residencial São Francisco, hoje bairro Maria de Lourdes Greco, no final de 2011. O sucesso desse empreendimento do empresário Cléber Ferreira (Kéu) incentivou outros investidores a ingressarem nesse ramo, como o proprietário da Isavel Veículos, Cirino Gomes de Oliveira, e o então prestador de serviços para a Cemig, João Luiz, com sua família.

Hoje, segundo o delegado Municipal do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Minas Gerais (Credi-MG), Hebert Morato (Hebinho), Abaeté tem cerca de 10 loteamentos em fase de expansão ou conclusão, com lotes a partir de R$ 40 mil. “Já na região central de Abaeté, os lotes são vendidos a partir de R$ 1 mil o metro quadrado, podendo chegar a R$ 5 mil, no centro comercial. Há pouco tempo, nossa empresa comercializou um lote próximo à Praça Dr. Canuto no valor de R$ 1,6 milhão”, informa Hebinho.

Há 15 anos no mercado imobiliário, ele acompanhou bem de perto a expansão horizontal e vertical de Abaeté. “Quando comecei, praticamente só existiam a Imobiliária Lok Bem e a J. Morato. Hoje temos cerca de 50 corretores credenciados e cinco imobiliárias, além do mercado informal,” revela. Reflexo de um mercado bem aquecido. “Além dos loteamentos e de cerca de 15 chacreamentos, Abaeté possui atualmente nove prédios concluídos ou em fase de conclusão, com apartamentos que vão de 50 m² a 230 m², incluindo coberturas que ultrapassam R$ 1,5 milhão”, diz.

Verticalização: a transformação da paisagem urbana

A expansão vertical de Abaeté tem sido rápida e surpreendente, especialmente quando comparada com as cidades vizinhas, como Pompéu e Martinho Campos. Stela Araújo, arquiteta e urbanista com 22 anos de experiência em Abaeté, atribui esse ritmo acelerado a uma combinação de fatores. “O crescimento horizontal criou uma valorização da área central, o que, por sua vez, incentivou a construção vertical para maximizar o uso dos terrenos caros”, avalia. Para ela, a tendência é também um reflexo da evolução econômica e do empreendedorismo na cidade. “A economia da cidade está em crescimento, e os empresários estão enxergando um potencial significativo para o desenvolvimento urbano”, afirma.

A arquiteta destaca que a mudança no perfil demográfico também tem influenciado essa tendência. “A cidade, antes predominantemente residencial e familiar, agora vê uma demanda crescente por apartamentos menores, devido à redução do tamanho das famílias e ao desejo por maior segurança e menor manutenção”, explica.


Fotos: Abadrone

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