Por Christiane Ribeiro
Abaeté já está autorizada a ter prédios de até 20 andares na área central e de 16 nas áreas residenciais, de acordo com a Lei Complementar 81/2020, assinada pelo ex-prefeito Armando Greco Filho em 16 de março de 2020, alterando o Código de Obras e Edificações do Município.
A verticalização e a expansão urbana de Abaeté, embora representem progresso, trazem consigo desafios consideráveis, como a preservação do patrimônio arquitetônico. Nos últimos anos, diversos casarões históricos que faziam parte da identidade da Cidade Menina foram demolidos, o que levanta preocupações sobre a falta de uma cultura de preservação. “Precisamos de políticas de conservação e de uma conscientização maior sobre a importância de preservar a história e a cultura local”, afirma a arquiteta Stela Araújo. Ela ressalta que é fundamental encontrar um equilíbrio entre o crescimento e a preservação da infraestrutura existente, garantindo que a história da cidade não seja perdida no processo de adaptação às novas demandas populacionais.
Além disso, a infraestrutura da cidade precisa acompanhar o ritmo da expansão. Stela alerta para a necessidade de investimentos em infraestrutura pública para suportar o crescimento vertical. “Para uma cidade ter qualidade de vida, o setor público precisa agir de forma equilibrada”, ressalta. A falta de áreas verdes e o aumento das temperaturas urbanas são preocupações que devem ser abordadas para manter a qualidade de vida em Abaeté.
O corretor de imóveis Hebert Morato também destaca alguns desafios do crescimento acelerado de Abaeté. Ele observa que a falta de regulamentação adequada nos primeiros anos levou a problemas como loteamentos e chacreamentos irregulares, que agora estão sendo enfrentados com a implementação de leis e regulamentações mais rigorosas. Dentre elas, a Lei Complementar 076 de 2019 e a Lei 1776 de 1999, que exigem que esses empreendimentos atendam a padrões mínimos de infraestrutura, como ruas pavimentadas e redes de água e esgoto.
Apesar disso, ainda há desafios, como a falta de regulamentação para áreas de risco de inundação, o que impacta negativamente o valor dos imóveis. Quem não se lembra da enchente de janeiro de 2022, que inundou várias casas no entorno do ribeirão Marmelada?
Outro fator intrigante é que, embora o mercado esteja aquecido, há um déficit habitacional significativo em Abaeté. “A falta de imóveis para locação está elevando os preços, tornando o aluguel muitas vezes inviável para os residentes, enquanto a oferta de lojas comerciais está em excesso,” compara Hebinho. Segundo ele, o aumento dos custos de construção, hoje numa média de R$ 2.500 por metro quadrado, agrava a escassez de imóveis para alugueis, dificultando a entrada de novos empreendedores nesse mercado.