A História de Pompéu: Da Fazenda Nossa Senhora da Conceição ao Município Próspero

A cidade de Pompéu, localizada no coração de Minas Gerais, tem suas origens enraizadas em tempos coloniais. Tudo começou em 1756, com o primeiro registro da fazenda Nossa Senhora da Conceição do Pompeo no cartório do Distrito de Bento Rodrigues, em Mariana. Originalmente, estas terras pertenciam ao bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, que as adquiriu em uma época em que o Brasil ainda explorava e ocupava seu vasto interior. Este extenso território abrangia desde o rio Pará e Paraopeba até as margens do São Francisco.

Após o abandono de Anhanguera em 1718, foi o sertanista Antônio Pompeo Taques quem reivindicou as terras por meio de uma sesmaria. Sua passagem deixou um legado marcante: o nome “Pompeo” perpetuou-se na região. Em 1738, as terras passaram por um leilão, no qual foram adquiridas pelo Tenente Coronel João Gonçalves Fraga, que, por sua vez, as vendeu a seu sobrinho Estevão Gonçalves Fraga. Em 1756, a fazenda foi comprada por Manoel Gomes da Cruz, consolidando o nome “fazenda do Pompeo”.

A Ascensão com Capitão Inácio e Dona Joaquina

O verdadeiro marco na história de Pompéu ocorre com a chegada de Capitão Inácio e Dona Joaquina em 1784, quando arrendaram e, em 1792, adquiriram definitivamente a fazenda do Pompeo. Este casal é notório não apenas pela expansão territorial, mas também pela construção de uma nova sede da fazenda, em uma estrutura imponente, com cerca de 800 metros quadrados e mais de 40 cômodos. Essa construção, demolida em 1954, representava o auge da arquitetura colonial rural mineira.

Um Núcleo Autossustentável e Inovador

A fazenda do Pompeo, descrita pelo romancista Agripa Vasconcelos como o primeiro grande núcleo agropastoril das Minas Gerais, não era apenas um feudo, mas uma verdadeira indústria rural. Lá se produziam alimentos para toda a região e até mesmo roupas em teares, utilizando algodão, carneiros e ovelhas criados na propriedade. Pompéu tornou-se uma parada obrigatória para viajantes, como o mineralogista alemão Barão Wilhenlm Ludwig von Eschweg, que elogiava a organização e a autossuficiência da fazenda.

Apoio à Coroa Portuguesa e Contribuição à Independência do Brasil

Dona Joaquina, mulher de grande influência, desempenhou um papel importante nas questões políticas da época. Em 1808, quando a família real portuguesa fugiu para o Brasil devido ao Bloqueio Continental imposto por Napoleão, ela organizou caravanas de suprimentos para a Corte no Rio de Janeiro. Mais tarde, em 1823, foi novamente decisiva ao enviar mantimentos para apoiar as forças brasileiras na Guerra da Independência, que culminou na expulsão das tropas portuguesas no Recôncavo Baiano.

A Fazenda e Suas Divisões

Com o passar dos anos, a fazenda do Pompeo originou inúmeras propriedades na região, como as fazendas da Boa Vista, Salobro, Morro do Vale, Cabaceiras, entre muitas outras. Em meados do século XX, as terras da fazenda do Pompeo tinham dado origem a dezenas de outras, cada uma com sua própria história e contribuição para o desenvolvimento da região.

Assim, de uma simples fazenda, nasceu a cidade de Pompéu, que hoje se destaca por sua rica história, seu desenvolvimento rural e sua importância para Minas Gerais. A memória de Capitão Inácio e Dona Joaquina, bem como a influência da fazenda do Pompeo, continuam a inspirar a cidade e seus moradores, que carregam com orgulho um passado de autossuficiência e compromisso com a nação.

Fonte: Resumo do trabalho feito por Hugo de Castro Machado, associado efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais; Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Pompéu e Vice-Presidente do Instituto Histórico de Pitangui.

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