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A Redescoberta do Sol: entre frestas de saudade, o amor que permanece

Talita livro íntimo e poético sobre o luto e a força dos vínculos.

No próximo dia 6 de junho, às 19h, será realizado, na Praça Alonso Alves, em Ibitira, Martinho Campos, o lançamento do livro A Redescoberta do Sol, da escritora Talita. Natural da comunidade, a autora convida os leitores a um mergulho delicado e sensível em sua jornada de luto após a perda da mãe. Em forma de prosa poética, a obra mistura dor e beleza, cicatrizes e descobertas, expondo com honestidade e afeto as emoções que acompanham uma ausência tão definitiva. Nesta entrevista a Letícia Barros , Talita compartilha os bastidores do processo de escrita, os desafios de publicar de forma independente e a emoção de lançar seu primeiro livro no lugar onde tudo começou.

Talita, conta pra gente: o que o público pode esperar da história de “A Redescoberta do Sol”? Qual é a essência do livro?
“A Redescoberta do Sol” é uma prosa poética afetuosa e honesta sobre o meu luto. No livro, falo sobre tudo com afeto, mas isso não significa que escondo passagens dolorosas e até falhas minhas. Também trago as alegrias que parecem impossíveis depois de perdemos alguém tão especial quanto uma mãe.

Como surgiu a ideia para escrever essa obra? Foi algo que veio de uma experiência pessoal ou uma inspiração repentina?
O livro parte da minha experiência pessoal de perda. Quando comecei a escrever, era apenas para mim, uma forma de lidar com o luto. Mas, com o tempo, fui convidada para escrever a biografia de um senhor de Divinópolis, o Vitalino, e vi como ele se tornava vivo quando os familiares contavam a história. Simultaneamente, comecei a ler livros sobre o assunto e me senti abraçada pelos escritores em uma época que poucos conseguiam ouvir ou falar sobre meu luto, daí veio a vontade de publicar.

Quanto tempo levou desde o primeiro rascunho até o livro pronto para ser lançado? Quais foram os maiores desafios nesse processo?
Foram 10 anos de escrita e um ano, aproximadamente, para a edição completa. Esse tempo não foi ininterrupto, muitas vezes eu me via paralisada pelos sentimentos. Também foi um processo repleto de dúvidas porque minha mãe era uma mulher muito discreta. O medo de expô-la, ou de mostrar outras pessoas mais do que eu deveria, com certeza foi o maior desafio.
A parte de viabilização também foi desafiadora porque decidi fazer o livro de forma independente, o que exige mais tempo, recursos financeiros e energia. Mas superei essas questões com o apoio de marcas e pessoas em um financiamento coletivo, além de patrocinadores.

Qual é a sensação de estar lançando seu primeiro livro, e mais ainda, podendo compartilhar isso com as pessoas da sua terra natal?
Eu já escrevi muitas histórias como ghostwriter e assinei uma biografia como co-autora, ter um livro 100% autoral no mundo é indescritível, especialmente por ser uma história tão íntima. O mais interessante é ver que contar a história da minha mãe me ajudou a continuar a conhecê-la, sempre que entrego um exemplar, as pessoas que a conheciam contam algo até então desconhecido para mim. Quando não me conhecem ou não sabiam quem era dona Neuza, compartilham histórias de seus entes.
Lançar este livro com os moradores de Ibitira é como estar sentada na calçada com pessoas que me conhecem a vida toda, mesmo que alguns ainda sejam desconhecidos para mim pelo fato de estarmos na mesma cultura. O distrito está no meu mapa e é onde cresci. E como diria Manoel de Barros, “O meu quintal é maior que o mundo”. Ibitira é isso para mim.

E pra finalizar: qual mensagem você espera que o leitor leve consigo ao terminar a leitura de “A Redescoberta do Sol”?
A mensagem central é que vínculos fortes não terminam com o fim da vida, eles são eternos. O amor pela pessoa querida também continua a crescer, especialmente se falarmos sobre ela, honrando seu legado e sem medo de conhecer as histórias que elas deixaram.
Paralelo a isso, a vida segue mesmo, a gente queira ou não. Haverá dias de tempo fechado, escuro e dias ensolarados. O sol sempre tenta chegar, nem que seja por frestas, iluminando as nossas saudades.

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