por Daiane Barbosa
Ana Silva tem 26 anos, nasceu e sempre morou em Quartel Geral. Filha da artesã Ivanice e de José Francisco (Barraco), ela cresceu com os pés fincados na roça e os olhos voltados para os palcos. Desde pequena, sabia o que queria. “Eu sempre olhava as cantoras na televisão e falava que era aquilo que eu queria ser. Eu até brincava que eu era um canarinho, que queria sempre cantar.” Suas referências eram Ivete Sangalo, Joelma, Daniela Mercury. Era nelas que Ana se via.

Com 10 anos, começou a arriscar os primeiros acordes em um violão antigo da fazenda e, anos depois, ganhou da mãe aulas de canto e violão. “Com o violão eu nunca fui muito dedicada, mas o canto era algo que eu gostava e a minha voz era o meu instrumento.”, conta Ana.

A primeira vez que subiu num palco foi na escola, aos 13 anos. “Eu cantei Halo, da Beyoncé. Fugiu do sertanejo que eu estava acostumada, mas era o que me fazia brilhar os olhos.” Desde então, passou a cantar em eventos da cidade, bares e até carnaval, equilibrando a música com os estudos e o trabalho no salão de beleza, profissão que aprendeu ainda na adolescência.

Quando a pandemia chegou, ela precisou pausar os shows e viu o salão esvaziar. “Resolvi colher café. Foi uma das melhores decisões da minha vida. Aprendi a dar valor às coisas, a lutar”, conta, com orgulho.

Foi também nesse período que Ana decidiu que não seguiria mais no sertanejo. “Eu queria cantar o que realmente gosto: pop, pagode, samba. Infelizmente, esse mercado ainda não é forte aqui, mas o artista tem que expressar quem ele é. Eu recebi muitos conselhos pra continuar cantando sertanejo porque dá dinheiro, mas eu não queria só o dinheiro, eu queria ser a artista que eu sou.”, explica.

Depois da pandemia, começou a divulgar vídeos cantando na internet e a cantar em cerimônias de casamento. “Não deixo de cantar sertanejo, porque faz parte da minha história, mas não é o que eu quero construir como artista.”, reforça.

“Não vou parar”
Em 2024, Ana foi contemplada pela Lei Paulo Gustavo e lançou sua primeira música autoral, “Não Vou Parar Aqui”. A canção surgiu como resposta às críticas que recebeu por ter sido uma das artistas escolhidas para receber o recurso. “Eu sou uma pessoa que se fortalece muito com as críticas. Então eu quis trazer isso nessa letra, para mostrar o quanto eu não vou desistir, independente do que as pessoas falem ou achem de mim”, afirma.

A música também carrega bandeiras importantes para a cantora. “Escrevi essa letra pensando na força da mulher. Eu quis trazer a representatividade negra também para essa música, para o clipe, para o audiovisual, porque é algo em que eu acredito.”

Ela conta que já sofreu racismo, inclusive na internet, a nível nacional, onde viralizou e foi um caos na época. “Então eu luto muito por isso e eu quis trazer essa força para o meu trabalho”.
Para 2025, a artista prepara o projeto “Pagodão da Ana”, com a proposta de levar pagode, pop e axé para a região. “Eu ainda considero que estou no começo, com uma nova Ana e um novo estilo. Estou correndo atrás, porque eu acredito que se a gente não se move, nada acontece. Mesmo que demore, mesmo que seja difícil, a gente consegue”, finaliza.

O trabalho de Ana Silva pode ser conhecido e acompanhado pelo Instagram: @anasilvas_ e @anasilvacantora