Por Daiane Barbosa
A festa do Congado em Abaeté, uma das manifestações culturais e religiosas mais tradicionais da região, continua a atrair novas gerações, mantendo viva a devoção a Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia. Com uma crescente participação de jovens e crianças nas guardas, a tradição se renova, fortalecendo seus laços com a comunidade.
Um exemplo dessa renovação é Davi Pereira de Almeida, de apenas 1 ano e 8 meses, que encantou a todos ao dançar pelas ruas da cidade, acompanhando os Ternos Catupé do Pandeiro e Catupé do Rosário. Vestido com sua farda e batendo tambor, Davi participou pela primeira vez da festa, realizando um sonho de infância de sua mãe, Daniana Pereira. “Quando criança, sempre tive vontade de dançar em uma guarda, mas não tive a oportunidade. Como sempre amei essa tradição, Davi conheceu o Congado ainda na minha barriga. Ele ama o ‘tuntum’ e sempre ficava eufórico ao ouvir uma guarda”, relata .
Apesar da pouca idade, Davi já demonstra ser um congadeiro de coração, apaixonado pela bateria. Em casa, ele assiste a vídeos de “tuntum” e adora brincar batendo na caixa. Para a festa, sua mãe fez questão de produzir a caixa artesanalmente para ele, e ao vê-lo fardado pela primeira vez, não conteve a emoção. “Consagrei Davi à Nossa Senhora, e vê-lo participando de uma guarda de Congado é gratificante. Lembro-me de quando ainda estava grávida e fui à Matriz ver as guardas; chorei muito ao imaginar meu filho ali. Eu me sinto realizada através dele”, conta Daniana, emocionada.
Já Helena Rosa Ferreira Leite, de 7 anos, desde bebê, presenciou sua família receber em casa as guardas do Congado e sempre pedia a mãe para dançar. Este ano, ela se tornou integrante do terno Contradança de Santa Efigênia. “Como a tia dela foi rainha do mastro de Santa Efigênia, tivemos a oportunidade de colocá-la na guarda, e ela amou. Já até viajou para a cidade de Perdigão para dançar. Sinto que, além da religiosidade e cultura, Helena também está aprendendo a ter mais disciplina e responsabilidade. Nossa família está muito orgulhosa de vê-la seguir esse caminho”, explica a mãe, Camila Leite.
As famílias desempenham um papel essencial na transmissão desse legado, que faz parte da história e cultura brasileiras. Para muitos jovens, o Congado representa um retorno às origens, um reencontro com as histórias contadas pelos avós e bisavós. Além disso, a festa é uma celebração comunitária, onde pessoas de todas as idades se reúnem em um espaço de união e fé.
Com a participação das novas gerações, o Congado se fortalece e aprofunda suas raízes, transformando a festa em um espaço de renovação, onde a tradição encontra a modernidade, e onde os ensinamentos dos mais velhos ecoam nos corações dos mais jovens. Assim, o Congado continua a ressoar, assegurando que essa rica tradição cultural permaneça viva por muitos anos.
Com mais de 40 anos de envolvimento na tradição, o Capitão-Mor da Associação do Congado de Nossa Senhora do Rosário, Jesus Amado Pereira, ressalta a importância desse movimento: “Hoje, incentivamos sempre a participação de crianças e jovens nas guardas. A criança que é levada ao Congado já está aprendendo sobre cultura e religião, o que é muito importante para a formação dos jovens, e esse é nosso objetivo”, destaca Sr. Amado.
Fotos: Sport Focus Fotografia