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De Abaeté para o mundo: a trajetória de sucesso de Gabriela Ferrão

Natural de Abaeté, Gabriela Ferrão trilha uma trajetória inspiradora, que leva de sua cidade natal para diferentes partes do mundo. Formada em Engenharia de Minas pela UFMG, sua carreira começou no Brasil, mas logo ganhou projeção internacional, passando pelo Oriente Médio e, mais recentemente, pelo Chile.

Em seu depoimento, a jovem abaeteense compartilha os desafios e aprendizados dessa jornada global, ressaltando a importância da adaptação, do respeito às diferenças culturais e da busca constante por novas oportunidades.

Vivi em Abaeté até os 18 anos, quando me mudei para Belo Horizonte para estudar Engenharia de Minas na UFMG.  Minha primeira experiência internacional foi um intercâmbio que fiz para os Estados Unidos durante a universidade, com o objetivo de aperfeiçoar o inglês e vivenciar uma cultura diferente.

Aprender inglês sempre foi uma prioridade, incentivada pelos meus pais, e foi essencial para chegar aonde estou hoje. Apesar de o intercâmbio ter durado apenas três meses, a experiência despertou em mim o desejo de, um dia, construir uma carreira fora do Brasil.

Após me formar em 2014, fui aprovada como trainee na Usiminas, onde atuei por cinco anos na área comercial do minério de ferro. Embora inicialmente frustrada por estar fora da engenharia pura, foi justamente essa vivência comercial que abriu uma porta inesperada: um convite para trabalhar no Oriente Médio.

Em 2019, recebi o convite para trabalhar no Bahrain, um pequeno país desconhecido próximo a Dubai e à Arábia Saudita. Aceitar esse desafio não foi fácil —  uma cultura completamente diferente, a distância da família e o medo do desconhecido, somados ao imaginário negativo que muitas vezes temos sobre o Oriente Médio. Mas fui. Meus pais, mesmo preocupados, sempre apoiaram as minhas escolhas.

Desde o aeroporto, percebi o choque cultural, mas também fui surpreendida pela receptividade das pessoas. Como mulher, estrangeira e jovem, precisei conquistar meu espaço e provar minha competência. Com muito trabalho e respeito às diferenças culturais, fui promovida em apenas dois anos, durante a pandemia, a uma posição de executiva – a pessoa mais jovem a ocupar esse cargo na história da empresa, com apenas 30 anos. Comandei uma equipe multicultural, formada por árabes e indianos, e aprendi a lidar com diferentes visões de mundo, culturas e formas de trabalhar.

O Bahrain me ensinou a viver uma realidade completamente distinta da brasileira: um deserto com temperaturas que ultrapassam 50ºC no verão, costumes islâmicos como o Ramadã e até momentos de tensão geopolítica, com receio de conflitos entre países vizinhos. Fora do trabalho, a convivência com os amigos brasileiros foi essencial para manter o equilíbrio e suavizar o impacto cultural.

Profissionalmente, essa experiência também me permitiu conhecer o mundo. Viajei para cerca de 15 países por ano, especialmente após a pandemia, e pude manter uma frequência de vinda trimestral ao Brasil, apesar da distância. Dentre todos os destinos, a China me marcou pela grandiosidade, a diferença cultural e pelas refeições bastante exóticas.

Após cinco anos no Bahrain, sentia que era hora de buscar um novo desafio profissional. Em 2024, enquanto estava de férias na Patagônia chilena, recebi uma ligação com um convite para assumir uma posição executiva em uma mineradora do Chile, uma super coincidência.

O Chile sempre me encantou por sua organização, limpeza, e natureza exuberante, mas tomar novamente a decisão de sair de uma empresa em que eu já estava consolidada e de um país onde eu já estava acostumada, para começar tudo de novo, não foi fácil. 

O que mais me motivou foi a oportunidade de assumir uma posição estratégica em outra empresa, consolidar um terceiro idioma e enriquecer ainda mais minha experiência internacional. Estar mais perto do Brasil e da cultura latina foi um bônus, super bem-vindo.

Desde julho de 2024, estou no Chile como vice-presidente comercial de uma mineradora de grande porte, sendo a primeira brasileira contratada e a única estrangeira da empresa. Aqui, tenho trabalhado para reposicionar estrategicamente a companhia no mercado de minério de ferro, alinhada às demandas futuras e aos projetos de descarbonização.

Como bônus, tenho o privilégio de viver a natureza do Chile, com a possibilidade de esquiar pela manhã e ir à praia à tarde, além de estar a apenas cinco horas de voo de Belo Horizonte. Essa proximidade com o Brasil, somada à beleza natural, organização e segurança do Chile, tem tornado essa nova fase muito especial.

De Abaeté ao Oriente Médio e agora nos Andes, cada passo da minha trajetória internacional me ensinou a importância de abraçar o novo, sem medo, respeitar as diferenças e seguir sempre aberta às oportunidades — mesmo aquelas que chegam do outro lado do mundo.

(Gabriela Ferrão)

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