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Fechamento abrupto da Cnec surpreende pais e mobiliza comunidade escolar em Abaeté

No meio do ano letivo, em plena semana de provas, pais, professores e funcionários da Cnec, em Abaeté, foram surpreendidos, na segunda-feira, 7 de julho, com o anúncio do encerramento imediato das atividades da escola. A direção nacional da rede CNEC, com sede em Brasília, comunicou que a unidade fecharia as portas já no dia seguinte, terça-feira (8), deixando dezenas de famílias sem respostas.
O impacto foi imediato. Ainda na noite de segunda, pais e professores se reuniram na escola em busca de informações e alternativas. Entre eles, o professor José Antônio, o Toinzinho, que também é pai de aluno:
“Não estamos vestindo a camisa da Cnec, nem da Prefeitura. Estamos aqui pelos nossos filhos, porque essa escola é parte da história de Abaeté, e o que pedimos é apenas um tempo para buscar uma solução viável. A escola não pode fechar assim, de forma abrupta”, afirmou.
A professora Poliana, que também é mãe de dois alunos da instituição, disse estar magoada e preocupada com o futuro das crianças: “Como vai ser a vida dos nossos alunos a partir de agora? E os professores? Nós precisamos da escola, e nossos alunos também.” O pai Flávio Ribeiro lamentou a falta de diálogo e pediu sensibilidade das autoridades:
“Recebemos essa notícia com muito pesar. Nossos filhos precisam concluir o ano. Pedimos à Prefeitura e à CNEC que revejam essa decisão e permitam, ao menos, que as aulas continuem até o fim do ano letivo.”

A Prefeitura de Abaeté divulgou nota oficial explicando que o prédio onde funciona a escola pertence ao município e que a CNEC havia sido notificada, em janeiro deste ano, da necessidade de desocupação até julho. Segundo o comunicado, a instituição optou por não apresentar um plano de transição, tampouco buscou qualquer diálogo com a administração municipal.
De acordo com a nota, a CNEC utilizava um bem público com fins lucrativos, oferecendo ensino particular a mensalidades consideradas elevadas, sem contrapartida social à comunidade. A Prefeitura destacou ainda que, entre 2016 e 2022, a rede arrecadou mais de R$ 2,5 bilhões em todo o país, evidenciando seu caráter empresarial. “A retomada do imóvel é legal, legítima e necessária, pois visa garantir o uso adequado de um bem que pertence ao povo abaeteense”, afirma o texto.
O procurador-geral do município, Dr. Nivaldo Ferreira, reforçou que a decisão da Justiça assegura ao município o direito de reaver o imóvel, e que não cabe à Prefeitura organizar a transição da escola:
“A responsabilidade de planejar a saída e evitar prejuízos aos alunos era da própria CNEC. O que não se pode admitir é usar o poder público como justificativa para encerrar as atividades sem planejamento.”
O imóvel agora deve ser destinado a atividades educacionais da rede municipal ou à realocação de serviços públicos, como creches, CRAS, CREAS e outras secretarias que hoje funcionam em prédios alugados. A Prefeitura também informou que seguirá apoiando instituições locais, como a APAE, que ocupa um segundo imóvel pertencente à CNEC — destacando, porém, que qualquer decisão sobre permanência ou saída cabe exclusivamente às partes envolvidas.
A situação segue gerando mobilização entre pais e educadores, que buscam formas de garantir a continuidade do ano letivo dos estudantes.

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