Fechamento das escolas rurais em debate na Câmara Municipal de Abaeté

Valeria a pena manter as escolas municipais rurais nos povoados de Veredas, Patos de Abaeté e Paredão, onde crianças de 04 a 11 anos estudariam com uma ou duas professoras, no regime multisseriado? Quais os maiores desafios enfrentados pelos estudantes, familiares e Administração Municipal para transportar diariamente os estudantes residentes na zona rural para as escolas da cidade? Quais as vantagens e desvantagens desse deslocamento?

Esses e outros assuntos foram debatidos na reunião ordinária da Câmara Municipal de Abaeté da última segunda-feira, dia 06/03/23. Moradores das três localidades apresentaram aos vereadores três abaixo-assinados, com um total de 214 assinaturas, pedindo a reabertura das escolas rurais fechadas no final de 2022. Representando os moradores da zona rural, Adelson de Oliveira Campos, residente em Veredas, usou a tribuna livre para falar sobre os desafios que as crianças estão enfrentando para chegar às escolas na zona urbana.

“Estamos passando por uma situação muito difícil, porque nossas crianças não estão aguentando. Eu tenho filhos, tenho sobrinho, afilhado que estudavam em Veredas, junto com crianças do Porto São Vicente, da Aldeia, do Riacho das Areias. É uma viagem muito cansativa. Estão sacrificando nossas crianças”, desabafou.

Os vereadores também exibiram áudios e vídeos de mães contando como as crianças chegam estressadas em casa. Fernanda, mãe de Ana Beatriz, que mora no Curtume e estudava no Paredão, diz que está sendo muito difícil essa adaptação. 

“Minha filha sai do Curtume cedo, fica esperando no Paredão, só chega em casa seis e meia, vinte para as sete da noite, se não tiver nenhum imprevisto, se o carro não estragar, se não chover. A gente fica preocupada. Quando tinha as escolas rurais aqui, ficava mais fácil. Se o carro estragasse, a gente podia buscar. Agora complicou muito. As estradas estão ruins demais. As crianças chegam tarde e ainda tem que fazer dever”.

Mudança em prol da Qualidade de Ensino

Apresentando vídeos de mães, pais e crianças da zona rural felizes com a mudança, a secretária municipal de Educação, Ivone Pires, explica que todo o processo foi debatido na Prefeitura e nas escolas antes da tomada de decisão. “O maior compromisso desta gestão é com a educação de qualidade. Como disse a supervisora regional de ensino, não se trata de fechar escolas, mas de oportunizar aos alunos da zona rural o mesmo acesso à educação de qualidade que os alunos da zona urbana têm”, explica Ivone Pires, que iniciou sua carreira no magistério como professora da zona rural.

Em Veredas, teríamos 17 alunos, distribuídos em sete turmas, para duas professoras. As professoras são muito boas, mas têm como entregar a mesma qualidade de ensino?”

A secretária citou vários artigos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394) e falou de programas que estão sendo implementados na zona urbana e não teriam como ser disponibilizados nas escolas rurais. Dentre eles, o “Alfabetização em Foco”, para sanar todas as dificuldades de leitura, no período de três meses, e o “Educação Financeira”, que vai ensinar as crianças a economizar, a realizar sonhos. “Temos projeto de atendimento psicológico através do Centro Municipal de Educação Inclusiva, ligado às escolas. Temos salas de informática, aulas de música, de educação física. Temos os Jogos Escolares. Só podemos oferecer isso aos 432 alunos da zona rural se eles estiverem aqui”.

Ivone ressaltou, ainda, que todo o processo está sendo construído junto com a comunidade. “Se as dificuldades vêm, a gente resolve junto”. Um exemplo é em relação à merenda escolar. “Alunos da zona rural chegam à escola ao meio dia e recebem um lanche. Às 14:30 h, tem o almoço. Quando eles saem, recebem uma fruta. E a monitora ainda leva lanche para as crianças comerem dentro do ônibus”, informa.

Com relação ao estado precário das estradas e de alguns ônibus, a secretária assegurou que tudo está sendo aprimorado. “Essa semana estão terminando as licitações. As rotas serão modificadas no Paredão, os ônibus virão diretamente para Abaeté. Estão sendo contratados monitores para Veredas e Paredão. Temos 22 rotas. Dentre elas, quatro são do município e o restante é terceirizada. Estamos com alguns transportes do ano passado, mas serão todos substituídos. Conversando com a prefeitura sobre as estradas, esta semana já estão entrando para Veredas. E vão solucionar os problemas no Paredão. A gente sabe que a educação é impactada pelas rotas e pelos carros. Isso não tem como as estradas não impactarem. Está sendo melhorado. Peço às famílias um pouco de paciência, que a gente converse mais”.

Confira a reunião completa no vídeo a seguir, extraído do canal do Youtube da Câmara Municipal de Abaeté:

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