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Povo Kaxixó reafirma identidade, ancestralidade e resistência cultural em Martinho Campos

por Letícia Barros

No dia 15 de fevereiro, o povo indígena Kaxixó realizou, em Martinho Campos, mais uma importante celebração de sua cultura, espiritualidade e conexão com o Cerrado. A ocasião foi marcada pela 10ª edição do Festival do Pequi, que vai além de uma festa gastronômica: é um espaço de reafirmação identitária e valorização dos saberes ancestrais Kaxixó.

Reconhecidos por sua resistência e luta pela preservação cultural, os Kaxixó utilizam o festival como um momento de encontro com a comunidade, onde tradições são compartilhadas com as novas gerações e com os visitantes da região. A programação incluiu rituais, cantos, danças, oficinas artesanais, atividades educativas com crianças e um almoço coletivo com pratos tradicionais à base do pequi, fruto sagrado para o povo e símbolo do Cerrado.

A data marca também a continuidade de um projeto iniciado em 2015, quando o primeiro Festival do Pequi foi realizado como forma de agradecimento à Mãe Natureza. Desde então, o evento tornou-se expressão da resistência cultural Kaxixó frente aos desafios históricos vividos pelos povos indígenas do Brasil.

Letícia, uma das organizadoras, destaca o caráter simbólico da celebração: “Nós ficamos muito felizes com o festival do pequi. Realizamos oficinas, rituais e a famosa degustação das delícias do pequi”. Para além da gastronomia, as ações educativas e espirituais ocupam lugar central na experiência.

Entre os marcos recentes da comunidade, está a conquista de Otávio Kaxixó, que se formou em medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) no final de 2024, após uma primeira graduação em enfermagem. Sua trajetória representa um avanço significativo na luta dos Kaxixó pelo acesso à educação superior e por representatividade nas instituições públicas.

A comunidade também se prepara para outros rituais ao longo do ano. No dia 19 de abril, será realizado um encontro especial pelo Dia dos Povos Indígenas, com reflexões sobre a luta indígena no Brasil contemporâneo. Já no dia 2 de novembro, durante o Dia de Finados, ocorre o Ritual de Passagem — cerimônia em que os Kaxixó visitam locais sagrados como a “Cova do Cacique”, homenageando suas lideranças ancestrais e reforçando os vínculos com a espiritualidade e a terra.

Com presença, organização e continuidade, o povo Kaxixó segue consolidando seu papel na preservação da cultura indígena mineira e na defesa do Cerrado como território vivo e sagrado.

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