Por Valdenice Gontijo – Matéria publicada na edição de janeiro 2019 do Nosso Jornal
Todos os retratos tirados em Abaeté de 1932 a 1961 foram obra de Aníbal Gontjo, pois o “Foto Aníbal” era o único que existia na região.
Aníbal Delfino Gontijo, o pioneiro na arte da fotografia na região de Abaeté, nasceu na cidade de Morada Nova de Minas, em 11 de abril de 1908, e faleceu em 1963, em Belo Horizonte, onde morava com a família desde 1961.Casado com Altina Cândida Ferreira, natural de Estrela do Indaiá, teve oito filhos: Waldir, Waldete, Valda, Walmira, Walsira, Valdenir, Waldesir e Valdenice.
Iniciou sua carreira de Fotógrafo em 1932. O atelier de fotografias e a residência da família se concentravam na Rua 11 de Junho, 236, hoje Rua Dr. Antônio Amador, no centro de Abaeté. Seus equipamentos de fotografias eram muito modernos para a época, pois ele os comprava em São Paulo e Belo Horizonte. Era o único Foto do lugar e atendia as demais cidades das cercanias.
Era um verdadeiro “artista da fotografia”, pois, além de colorizar os retratos com tintas especiais (na época não existiam filmes coloridos), Aníbal as retocava em um equipamento inventado por ele mesmo, usando lápis especial para retoques. Também fabricava suas molduras, utilizando arames, madeiras e vidros, e tornava tudo uma verdadeira arte, que impressionava a todos.
Chamou a atenção de fotógrafos importantes de Belo Horizonte. Os donos dos Fotos Retes e Elias lhe ofereceram sociedade, mas Aníbal não aceitou, pois gostava de “executar o ofício”, como ele dizia, sozinho. Mas se tornaram grandes amigos, trocando experiências profissionais.Todos os eventos e episódios importantes da época ficaram registrados na lembrança de cada membro das inúmeras famílias das cidades de Abaeté e seu entorno, através dos retratos do “Foto Aníbal”.
As chapas (filmes) eram de vidro e sua revelação era trabalhosa, pois exigia muito cuidado e carinho especial. Era necessário amar a sua profissão, e isso não era problema para Aníbal Gontijo, pois ele a exercia com muito amor e responsabilidade, atendendo a todos em tempo integral.
Dois de seus filhos, Waldir e Waldesir (Desí), seguiram a profissão do pai por alguns anos. Waldir parou por falta de tempo, pois era advogado e perito criminal em BH, sendo que Desí, o filho mais novo, continuou por muitos anos, até que resolveu trabalhar apenas com filmagens, em caráter profissional.
Aníbal deu oportunidade a muitos parentes. Ensinou o ofício a seu sobrinho Júlio Gontijo e, quando se mudou para Belo Horizonte, lhe emprestou a casa e parte do equipamento fotográfico, para que ele tivesse uma profissão e também tomasse conta do seu negócio. Mas nem sempre acontece como se planeja, pois Aníbal faleceu dois anos depois da mudança e Júlio continuou com o “Foto Aníbal”, mudando o seu nome para “Foto Júlio”.
Aníbal ensinou também o ofício da fotografia para um outro sobrinho, Joãozinho Gontijo, que abriu outro Foto em Abaeté. No seu segmento profissional, surgiram outros sobrinhos, como Waldinho Gontijo e seu “Foto Centenário” e Zezé Gontijo, conhecido como “Zé do Foto”, que trabalhava na cidade de Unaí.
Hoje, com a modernidade, seus filmes (chapas) não se enquadram em nenhum equipamento, mas ficaram as lembranças que temos guardadas em nossas memórias. Assim, poderemos mostrar, aos nossos descendentes, amigos e interessados, as muitas facetas de uma cidade e seus filhos, perpetuando a sua história através de suas fotografias, que nomeiam um documentário verdadeiramente importante e histórico.
Quem em Abaeté e seu entorno não guarda um retrato tirado no “Foto Aníbal”? Realmente posso afirmar, com orgulho e convicção, que todos os retratos tirados a partir de 1932 até 1961 foram obra do “Foto Aníbal”, pois era o único que existia na região, até então.
A família Gontijo, agradece a oportunidade de poder contar um pouco da trajetória de Aníbal Delfino Gontijo, que, acredito, estará sempre presente na memória de cada cidadão abaeteense, com sua arte e poesia da imobilidade, pois é através da fotografia que os instantes deixam-se ver tal como são.
O Fotógrafo tem um olhar diferente: ele capta na gente a essência e a perpetua… Quem pensa que é somente uma foto se engana, é uma montagem de uma história, um momento, uma vida!
One thought on “Regalos de Aníbal Gontijo, o pioneiro da fotografia na região de Abaeté”
Muito bom e excelente retrospecto da família. Muito legal!