Hoje, compartilhamos com orgulho as palavras de Maria Cecília, jovem autista de nível 1, moradora de Martinho Campos. No poema abaixo, ela expressa, com sensibilidade e coragem, o que significa viver sendo autista:
“O Autismo para mim”
por Maria Cecília
Tem gente que acha que o autismo é uma limitação. Ou um defeito.
Mas, pra mim, é só um jeito diferente de estar no mundo.
Eu enxergo as coisas de um jeito único.
Às vezes, mais intenso. Às vezes, mais silencioso.
Tem horas que eu preciso do meu tempo, do meu espaço…
E tem horas que eu vejo detalhes que ninguém mais vê.
Ser autista não me impede de sentir, de amar, de aprender, de crescer.
Só faz com que eu faça tudo isso do meu jeito.
Eu penso demais. Sinto demais. Questiono coisas que às vezes ninguém nem nota.
E tá tudo bem. Ser diferente não é um problema. O problema é quando o diferente não é respeitado.
O mundo vive com pressa. E quem anda mais devagar às vezes é deixado de lado.
Mas cada pessoa tem seu tempo. Seu ritmo. Sua forma de existir.
E quando a gente entende isso, tudo fica mais leve.
Eu não sou uma “autista”. Eu sou uma pessoa.
Com sonhos, com vontades, com momentos bons e outros nem tanto — como qualquer um.
Mas com algo a mais: a coragem de ser quem eu sou, mesmo quando o mundo não entende.
E sim, às vezes é difícil.
É difícil quando me olham diferente.
É difícil quando esperam que eu me encaixe em algo que não fui feita pra caber.
Mas, ainda assim, eu sigo. Porque o meu jeito de ser também tem valor.
Falar sobre o autismo é importante, sim.
Mas mais importante ainda é lembrar que, por trás de cada diagnóstico, tem uma história.
E cada história merece respeito.
O autismo não é uma barreira. É uma forma de ver o mundo com outras lentes.
Às vezes mais desafiadora, sim. Mas também mais profunda, mais sincera, mais autêntica.
Obrigada por me ouvirem — de verdade.
E se um dia você não entender alguém… em vez de julgar, tente escutar com o coração.
Às vezes, é aí que a gente encontra as respostas mais bonitas.
🧠💙
Celebrado neste 18 de junho, o Dia do Orgulho Autista promove respeito, inclusão e visibilidade.
É um convite a enxergar além dos rótulos — e valorizar cada forma de ser no mundo.
Imagens e edição: @leticia_eb1